Real recua com aumento do medo nos mercados
Informação de Mercados Financeiros 25/09/11
Sempre que o medo sobe de tom, as moedas menos líquidas e de países emergentes são afectadas. O fenômeno também atingiu o real.
A evolução do câmbio do real brasileiro voltou a ser condicionada por factores externos. A aversão ao risco que se faz sentir nos mercados internacionais tem penalizado as moedas menos líquidas ou de países emergentes e o real não tem escapado. Fala-se em escassez de dólares no mercado e o Banco Central não tem ajudado na oferta, visivelmente satisfeito com o recuo do real.
O mercado financeiro reduziu as previsões para o crescimento económico brasileiro neste ano e no próximo, além de cortar a expectativa de taxa de juros para 2012, mas elevou os cenários para a inflação e câmbio. A perspectiva para a alta do PIB em 2011 caiu pela sétima semana seguida, de 3,56% na semana passada para 3,52%, enquanto o de 2012 recuou pela quarta vez, de 3,80% para 3,70%. O Usd/Brl atingiu os valores mais altos desde Julho de 2010, quebrando em alta as importantes resistências nos 1,74 e 1,82 reais por dólar. A resistência seguinte está na zona 1,90/1,92.
Historicamente, o real cai muito mais depressa do que sobe e o movimento actual é coerente com essas características.
Bolsas: transacções de alta frequência preocupam investidores
Recentemente foi divulgado um inquérito efectuado a 630 gestores de activos relativamente ao impacto das transacções de alta frequência no mercado de capitais. Este método consiste no uso de ferramentas tecnológicas para transaccionar activos nos mercados financeiros, visando tirar de partido de oportunidades de negócio apenas disponíveis durante fracções de segundos. Ao contrário da tradicional estratégia de “buy and hold”, os títulos são detidos apenas a muito curto prazo, sendo hábito liquidar as posições no final do dia. O inquérito foi efectuado na sequência da intensificação deste tipo de estratégia, que em 2010 representou 56% e 38% das acções transaccionadas nos EUA e Europa, respectivamente. Dois terços dos inquiridos estão preocupados com as consequências deste método de ‘trading’, devido ao conflito entre a estratégia de longo prazo dos investidores institucionais e o objectivo especulativo e de curto prazo das transacções de alta frequência. Na opinião da maioria, estes métodos aumentam a volatilidade no mercado, sendo apontado como a causa do flash crash de 6 Maio, no qual o Dow Jones chegou a registar uma queda de 9%.
Dívida: Finlândia deverá aprovar FEEF
O ministro das finanças finlandês anunciou que, na próxima semana, o seu parlamento deverá aprovar a extensão dos poderes atribuídos em Julho ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira. A suceder, será um passo importante na resposta mais imediata à crise de dívida da Zona Euro, uma vez que a Finlândia tem sido um dos países que mais obstáculos tem vindo a criar no que respeita a apoios aos países em dificuldades. A concretização das medidas aprovadas em conjunto a 21 de Julho é imperativa para que o BCE possa voltar a centrar atenções naquilo para que é mandatado. Quanto a taxas de referência, alguns analistas acreditam que o BCE irá proceder a um corte ainda este ano. Sabendo que a maioria dos seus membros é contra uma política de taxas demasiado baixas, duvidamos que tal venha a suceder.
Matérias-primas: Escassez de oferta no milho
Apesar de o preço do milho se encontrar abaixo dos recordes de $8 alcançados em Junho, o mercado do cereal enfrenta uma vincada escassez de oferta. O principal limitador a uma nova escalada dos seus preços tem sido todo o contexto de incerteza relativamente ao crescimento económico global, que tem criado receios relativamente a um possível impacto negativo na procura do milho. Não obstante, espera-se que a médio prazo o preço do cereal, que é negociado actualmente a $6,90, volte aos níveis recorde. A proporcionar tal avanço de preços estarão os danos que o clima adverso nos EUA tem provocado nas culturas, o que inclusivamente tem originado revisões em baixa por parte do USDA das perspectivas de produção e ‘stocks’ finais de milho para o país para este ano.